Fim de tarde, no silenciar da sala, sobre o aparador de mogno o vaso de cristal espera o mergulho do caule em suas límpidas águas, do sétimo girassol, talvez ele venha - uma releitura - emprestado da tela de Van Gogh, ou colhido do jardim de Monet... quem sabe?
Sinto, neste dia tonalizado por um céu azul profundo, cerúleo devaneio, o contrastar com as amarelas pétalas, com o esmaecer do outono... Enquanto isso, um vento de despedida dessas nostálgicas horas sopra sementes, cata - ventos e movimenta a cortina, me aproximo do vaso e na transparência e em seus recortados, reflexos, num piscar de olhos, plena, entrego-me a ti...
vento outonal -
desliza nos cílios azuis
uma lágrima...
Vanice Zimerman, IWA
***
Haibun*: Prosa poética curta seguida de um ou mais haicais
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