Escapa entre os dedos
As gotinhas d'água
Que curiosas aconchegam-se
Às sementes de dentes- de- leão -
A cada amanhecer resta-me
Sonhar em ver mais uma vez
A cerejeira florida sorrir,
E procurar a joaninha
E o louva- a- deus no jardim,
Mas a passagem lenta das horas
O voo rápido dos segundos,
Essa fragmentada dualidade
Envolve-me...
A Tanto a amar, a molhar
Minhas mãos nas tintas,
Desenhando teu sorriso,
Tão pouco tempo
Que se esvai
Na solidão de mais um
madrugada,
Busco a sutileza
Do bailado do aroma de incenso,
Enquanto, as teclas do piano
Feito navalhas cortam-me
A dor que permanece
É represada em meu silêncio,
Na lágrima oculta...
Cansada entrego minha alma
A “Clair de Lune”
E na cadência de suas notas musicais
Que eu possa encontrar o doce acalanto
Tão distante da tua voz, meu Amor.
Vanice Zimerman, IWA
Imagem: Vanice Zimerman, IWA - novembro/2018