sexta-feira, 16 de agosto de 2019

I N T E R V A L O S


Admiro
O encantamento
Das breves pausas
Dos movimentos –

I N T E R V A L O S:
Entre o toque da mão
Ao girar
A maçaneta de porcelana;
Ah, o som da pausa
Entre a porta entreaberta
E o ranger da madeira...

Inebria-me esse momento
Em que página de um livro
É virada,
E o silêncio é quebrado
Pelas gotas d’águas,
Caindo da torneira

Amo esse i n t e r v a l o
Quando a xícara eleva-se do pires
E encosta-se a teus lábios
E... esse aroma do chá de morangos
Permanece em teu sorriso...
Mágica essa pausa entre
A cumplicidade de olhares,
A troca de beijos,
De abraços, dos eternos laços tecidos
Com amor e poesia...
Entre as batidas
Dos nossos corações-
Interlúdio.

Nos detalhes da vida
De cada ação
Há pausas que deságuam
Em versos, em telas -
Na beleza do pincel
Que se umedece
Ao fazer uma pausa na paleta.

Místico i n t e r v a l o
O incenso que se despe
Aos poucos, consumido -
Breve centelha...

Vanice Zimerman, IWA  - 12/08/2019

domingo, 11 de agosto de 2019

Às tardes vazias (poesia gravada)


às Tardes vazias
Publicado por: johnmaker
Data: 05/08/2019

https://www.recantodasletras.com.br/audios/poesias/83890

Olhos de Cronos


Gosto de caminhar descalça
No antigo piso de madeiras largas
E, aos poucos, sentir
A maciez dos passos
Ao tocar o tapete azul
E, sem pressa, observar
O instigante mistério
Da sala dos Relógios –

Nesse caminhar abstrato
Fico próxima
Ao delicado papel de parede,
Acariciando
Com as pontas dos dedos
As texturas
Das florzinhas
Em tons de lilás e cinza,
Enquanto, admiro -
Um a um
Os nove relógios pendurados
Parecendo ninhos,
Marcando diferentes horas:
Alguns ponteiros lembram
Braços abertos, outros
Unidos, feitos braços
E mãos em posição de prece
A indicar caminhos -
Sinto a presença do vento
Que chega em companhia
Do meu Leão de cristal
E juntos observamos
Os relógios –
Olhos de Cronos,
Enquanto somos observados
Pelo Tempo,
A dor contida
Refletida nos vidros dos relógios
E disfarçada em versos,
Distraída, se esquece de passar...
Vanice Zimerman IWA
09/08/2019

Um vestido para Lenora... (SemanaPoe)


    O poema: Um vestido para Lenora... faz parte da "SemanaPoe", organizada pela Academia Poética Brasileira.

Homenagem a Edgar Allan Poe e Lenora (Lenore)

Um vestido para Lenora...


Com agulhas de cristal
E linhas cintilantes -
Filigranas
Teci para minha amada
Um encantado vestido!

Emprestei às cores
Dos passeios que fazíamos
De mãos dadas
À beira do lago,
Quando os raios,
Ainda, tímidos do sol
Iluminavam teu olhar e sorriso.
E, das folhas e flores
Delicada geometria -
Breve colcha de retalhos,
Colhi os tons... as texturas
E perfumes -
Com carinho
E emoção teu longo e diáfano
Vestido, teci
Ah!Minha amada Lenora!
Quanta saudade...
Recebe em teu coração
E nos contornos de tua alma
Esse vestido ponto a ponto
Cerzido com poesia...
E entrelaçado
Com beijos doces e intensos...

E assim, nosso amor
Adormecido em vida
Desperta em sonhos...

Vanice Zimerman (APB)

***
Poemas e imagens em homenagem a Poe:

https://www.facebook.com/hashtag/semanapoe?source=feed_text&epa=HASHTAG
Academia Poética Brasileira:
https://www.facebook.com/academiapoetica/