O olhar e mãos de Cronos não param e,
em seu surreal relógio envolto em brumas marca sua presença... e
inevitável passagem. Penso que o coração retém as lembranças em
cantinhos especiais como se fotografias de um antigo álbum fossem. Em
minha memória afetiva as imagens, aromas e emoções permanecem vivas,
ainda lembro-me da sensação de observar as fraldas dos meus filhos,
secando, bem esticadinhas no varal e outras roupinhas de bebê também.
A
memória têm sons de vento, das ondas do mar, dos barulhinhos da chuva
no telhado... E, nesse universo sensorial pincelado no coração às
lembranças tem gosto, ainda recordo da infância e do sabor doce das
amoras que eu minhas irmãs colhíamos nos fins de tardes e do gosto do
pão quentinho, feito em casa.
Há, nessa companhia da carinhosa e
ao mesmo tempo, inquieta, da sucessão das horas, o aroma de um amor
inesquecível, repleto de poesias, um gosto de uma saudade, tão intensa,
que me faz desejar ser parte do vento que hoje cedo beijou teu rosto, e
sentiu o aroma de tua pele, o gosto dos teus lábios...
Vanice Zimerman IWA
29/09/2020
https://www.recantodasletras.com.br/cronicas/7075230